16096593Foto: Bruno Alencastro/Agência RBS

Integrantes de movimentos sociais de quatro países estiveram reunidos nesta quarta-feira, em Porto Alegre, para debater a crise capitalista e a agenda pós-2015. A conferência de largada do Fórum Social Temático na Capital contou com a participação de representantes do Chile, França e Egito, além do Brasil, e um público reduzido.

Segundo Damien Hazard, diretor da Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais (Abong), com o prazo de validade dos objetivos do milênio chegando ao fim, em 2015, é preciso que a sociedade se organize para que as próximas metas sejam mais ambiciosas.

Elaborados pela ONU em 2000, os objetivos — chamados de “oito jeitos de mudar o mundo” no Brasil — são alvo de críticas por serem considerados uma agenda reducionista de uma série de conferências realizadas na década de 90.

Conforme Hazard, desigualdade social, sustentabilidade ambiental e racismo são alguns dos temas que devem constar na pauta. Ele também ressalta a importância de se questionar o modelo consumista e a matriz energética baseada em combustíveis fósseis.

— Vamos buscar uma resposta juntos. Cabe às organizações unir-se aos governos progressistas, como é o caso do Brasil, de forma rápida e articulada, para pressionar. Caso o contrário, o mundo que queremos continuará a ser uma ideia muito distante, muito além de 2015.

Os oitos objetivos do milênio

1) Acabar com a fome e a miséria
2) Educação básica de qualidade para todos
3) Igualdade entre sexos e valorização da mulher
4) Reduzir a mortalidade infantil
5) Melhorar a saúde das gestantes
6) Combater a Aids, a malária e outras doenças
7) Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente
8) Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento

Protestos de junho

As manifestações no país em 2013 também foram abordadas no primeiro dia de atividades do Fórum Social Temático em Porto Alegre.

De acordo com o presidente da Associação Chilena de ONGs (Acción), Miguel Santibáñez — a exemplo do Occupy Wall Street nos EUA, Indignados na Espanha, 132 no México e dos movimentos estudantis no Chile e na Colômbia — os protestos brasileiros também são reflexos da desigualdade e da crise internacional.

— O que os movimentos sociais de junho passaram foi um alerta ao governo brasileiro. Evidenciaram maus aspectos do país, como a corrupção e a construção de estádios que não servirão para nada — avaliou o jornalista francês Bernard Cassen, um dos fundadores do Fórum Social Mundial.

No Chile, pelo menos quatro lideranças jovens, que surgiram do movimento de 2011, foram eleitas no ano passado. Segundo Santibáñez, o exemplo do seu país sugere uma possibilidade de acumulação política.

— Acho que o desafio dos movimentos sociais do Brasil é isso: como uma raiva, uma agenda política pode se transformar em mudança real, uma mudança concreta de leis, de regulações, de planos políticos.

 

Fonte: Zero Hora