SÃO PAULO
Em suas facetas mais conhecidas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são ícones do capitalismo global. O trio, hoje reunido na empresa de investimentos 3G Capital, forjou uma agressiva cultura de gestão e comanda a maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Busch InBev, além de símbolos americanos como as lanchonetes Burger King e a fabricante de alimentos Heinz. No mês passado, a revista Forbes classificou Lemann como o homem mais rico do Brasil, à frente de nomes como Eike Batista e Joseph Safra (Telles e Sicupira também estão na lista dos bilionários).
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira
A face menos óbvia dessa turma está na filantropia. Cada um dos investidores tem uma fundação que atua em áreas como educação e gestão pública. Jorge Paulo Lemann criou a Fundação Lemann, que oferece bolsas de estudo no exterior para talentos brasileiros e cursos para secretários municipais de educação, diretores e professores de escolas públicas. Marcel Telles fundou a Ismart, que seleciona alunos-destaque de escolas públicas para cursar o ensino médio em colégios particulares. Sicupira, por sua vez, criou a Brava, que apoia iniciativas de melhoria da gestão pública. Juntos, os três ainda estão à frente da Fundação Estudar, voltada ao desenvolvimento de lideranças.
O ponto comum entre as organizações é o esforço para trazer as obsessões clássicas do trio – como meritocracia e a busca incansável por resultados – para o mundo aparentemente “paz e amor” das instituições sem fins lucrativos. “Jorge Paulo Lemann quer deixar um legado na filantropia assim como deixou no setor privado”, diz Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann.
Boa parte dos recursos das fundações também vem do trio. Lemann, por exemplo, é responsável por 90% do orçamento de sua fundação. Os 10% restantes têm como origem empresas como Itaú BBA, Telefônica e famílias doadoras, como a de Abilio Diniz. Telles contribui com 55% dos investimentos do Ismart. A outra parte vem, principalmente, de escolas particulares parceiras. A exceção é a Estudar. Cerca de 80% do orçamento de R$ 4 milhões vêm de empresas, em uma tentativa de perenizar a organização – outra obsessão do trio, que quer estender sua marca para além das listas de bilionários.
Fonte: O Estado de São Paulo
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