Por Ligia Braslauskas
Imagem: Getty Images
Poderia usar este espaço hoje para falar de nomes femininos conhecidos da literatura brasileira e mundial, mas isso todo mundo já vai fazer, faz-se todo ano no Dia Internacional da Mulher. É só dar uma “googada”.
Então preferi falar de duas histórias interessantes de escritoras menos populares, mas não menos importantes.
Um dos nomes é Héloïse du Paraclet.
Essa parisiense viveu entre 1101 e 1164. Era extremamente culta. Com 17 anos, já sabia latim, grego, hebraico, teologia e filosofia.
Mulher de personalidade forte, Héloïse se apaixonou por seu professor Abélard, casaram-se e tiveram um filho. Só que o tio de Héloïse não aceitava a relação dos dois e mandou castrar Abélard como vingança.
Isso inspirou Héloïse a escrever ainda mais.
“Castrados”, eles viraram religiosos e se enclausuraram. Toda a obra literária de Héloïse está baseada nas cartas que enviava a Abélard. Puro amor, pura literatura. Essa mulher é considerada, simplesmente, a primeira mulher das letras do mundo ocidental.
É preciso lembrar sempre quão difícil foi o papel da mulher na história da literatura, campo historicamente dominado pelos homens.
Chegou-se a dizer que as mulheres eram incapazes de cuidar de si próprias, que tinham uma natureza perigosa e inteligência inferior. Parece mentira, mas, infelizmente, não é.
A sociedade educava as mulheres para papéis eminentemente passivos: casamento, gestação, parto, amamentação.
Procurar um marido? Jamais. Elas eram buscadas. Imagine dizer que escreviam?
Para encerrar aqui, falaremos da italiana Christine de Pisan (1364-1430). Já ouviu falar dela?
Pois bem, ela é tida como a primeira mulher na literatura ocidental a ganhar a vida com sua escrita. Suas palavras abordavam a misoginia e o direito de igualdade entre homens e mulheres.
Christine casou-se com 15 anos. Teve três filhos e perdeu o pai e o marido aos 25. Sem pai e sem marido lhe foi permitido ganhar dinheiro com literatura.
Como se tudo isso não bastasse para admirá-la, há o fato de ser dela a autoria do único texto conhecido de língua francesa sobre Joana d’Arc (1412-1431), enquanto esta era viva – Le Ditié de Jehanne d’Arc – A Balada de Joana D’Arc.
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