Por Nilson Xavier

Eva Wilma e Carlos Zara em “Mulheres de Areia”, um dos maiores sucessos da Tupi

Em 14 de julho de 1980 – há 33 anos, portanto -, a TV Tupi de São Paulo (“a Pioneira”, inaugurada em setembro de 1950) encerrava suas atividades, deixando órfãos milhões de fãs de sua programação. Na época, os programas ainda eram gravados em fitas, e os métodos de preservação de acervos dependiam muito da boa vontade das emissoras – ainda era comum o hábito de reutilizar as fitas, como medida de economia. Durante décadas, os fãs saudosos da Tupi se perguntaram como rever os antigos programas da Pioneira – questão também válida para os acervos da TV Manchete, Excelsior e outras emissoras.

Há dez anos, procurei a TV Cultura, pois fiquei sabendo que ela possuía algo do acervo de novelas da Tupi em fitas. Na época, ainda era possível agendar um horário no setor de Copiagem da Cultura para assistir programas de seu acervo. Recebi uma lista com a relação de tudo que a emissora possuía de novelas da Tupi e, durante duas tardes, pude assistir capítulos de dez títulos, entre eles “Éramos Seis” (1977), “Ídolo de Pano” (1974-1975), “A Barba Azul” (1974), “Vitória Bonelli” (1972-1973), “O Profeta” (1977-1978), “A Viagem” (1975-1976), e outros.

A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, é o órgão que possui o maior acervo de programas da TV Tupi, mas o acesso sempre era limitado, para não dizer impossível. Sempre me questionei e fui questionado do porquê de órgãos como a TV Cultura e a Cinemateca não disponibilizarem de uma forma mais facilitada este rico acervo à população (estudantes, jornalistas e o público em geral). Não falo apenas de novelas, mas também de programas jornalísticos, humorísticos, musicais, de shows, teleteatros, etc.

Plínio Marcos e Luiz Gustavo em “Beto Rockfeller”, novela que revolucionou o gênero

Agora é possível! E sem precisar sair de casa. Recentemente entrou no ar na Internet o Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira. Trata-se de um portal da Cinemateca elaborado juntamente com o Centro Técnico Audiovisual a partir de uma parceira do Ministério da Cultura com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O site apresenta coleções digitalizadas de fotografias de filmes brasileiros do acervo da Cinemateca, registros destes filmes, além de reportagens de telejornais da Tupi e capítulos de várias novelas da emissora paulista.

Vou me ater ao assunto foco de meu blog. O Banco de Conteúdos Culturais já disponibilizou 168 vídeos de novelas, em sua maioria capítulos inteiros (alguns apresentam apenas takes). A base de dados é atualizada periodicamente com o acréscimo de novos vídeos. No geral, está tudo em bom estado. Alguns vídeos apresentam problemas de imagem e som, mas nada que impossibilite assistir.

As novelas mais antigas são “Antônio Maria” e “Beto Rockfeller”, ambas exibidas entre 1968 e 1969. A maioria dos títulos é da década de 1970, dos últimos dez anos da Tupi. Por enquanto, os folhetins com mais vídeos são “Éramos Seis” (1977), 42 vídeos; “O Profeta” (1977-1978), 13; “O Direito de Nascer” (o remake de 1978), 12; e “Os Inocentes” (1974), 10.

No ano em que a telenovela diária completa 50 anos, este site da Cinemateca chega a ser uma homenagem e tanto. Além de um sonho realizado para quem sempre quis rever o acervo da Pioneira. Eu mesmo estou me deliciando, relembrando minha infância e matando a curiosidade de novelas que nunca vi.

Acesse AQUI o Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira para a relação de vídeos de novelas da Tupi.

 

Fonte: UOL Entretenimento

 


Nilson Xavier
é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia, cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.